sábado, 24 de setembro de 2011

"Ego Svvm"

Os nossos dias estão repletos de incertezas e de mudanças repentinas. Hoje estamos saudáveis e fortes e amanhã podemos acordar para uma nova realidade. Saber encontrar em nós as forças para os problemas da vida é a tarefa primordial do dia-a-dia.

Amanhã celebramos o Domingo e podemos fazer muitas e variadas coisas, para o Cristão é dia de festa, para o ateu é dia de descanso ou simplesmente um dia comum.

Talvez um sociólogo, explica-se melhor que eu, porque razão nós homens temos que ter dias, momentos, horas, especiais. A vida na realidade é um processo encadeado de momentos que nos dizem algo, que nos constroem. O Domingo é um desses momentos.

Um dia conheci um menino chamado Rui. Ao Domingo acordava cedo e ouvia o galo cantar e o nascer do sol, na varanda da sua vivenda no meio de um monte. Tomava o pequeno-almoço e ia ter com a bisavó que estava no quarto. Todos os dias o ritual era o mesmo. De manhã, ao acordar sentada em cima da cama falava com Deus, rezava o terço e depois acompanhava a Missa na RTP1, pelas 10 horas. A Missa e tudo o que a compunha, parecia que entrava de facto, pela casa adentro. Na sala sentia-se o odor do incenso e das flores frescas. Os cânticos e os coros. Rui cedo aprendeu o Ordinário da Missa. A Missa passou a ser algo de muito importante na sua vida.

Falar com Deus pode fazer-se de muitas maneiras, o que importa é a predisposição para tal.

Num mundo tão individualista e solitário, envelhecido pelos tempos, será que as pessoas não sentem vontade de estar, falar com outros, desabafar, encontrar ajuda para os seus problemas?

Pensamos que sim.

Cristo (para os que são Cristãos) é uma presença constante nas nossas vidas e capaz de estar onde estamos.

Surpreende-me algumas pessoas que mesmo cristãs necessitam de estar num templo para estar com Deus. Na verdade, de laços e espaços só cada um é que sabe. Mas vejamos, quando queremos estar com Deus, falar, ouvir, simples e eficiente é escutar o nosso interior Ele está connosco.

Quando comungamos do Corpo e Sangue de Cristo na Missa tal não desaparece, permanece para sempre. A partir da santa comunhão passamos a ser verdadeiros tabernáculos de Cristo. A função do tabernáculo é guardar, preservar o Corpo e o Sangue de Cristo para que ali se mantenha puro e vivo para adoração de todos quantos quiserem falar-lhe, escutar...

Tal acepção e realidade leva a considerarmos o seguinte: se levássemos à risca esta ideia, quando olhávamos para o outro víamos a Cristo e desta feita não teríamos a coragem de insultar, maltratar, antes agiríamos de coração aberto (ou talvez não).

Isto para que meditemos no seguinte: se ao comungar somos um só em Cristo devemos agir como Cristo e ter como guia a sua vida e ensinamentos: "Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida".

Estas três realidades complementam-se e são essenciais para que possamos viver com Cristo e em Cristo. Num momento em que a dúvida absorvia o pensamento dos Apóstolos, Cristo deixa-os, mas antes diz estas palavras de força. Na altura, as perseguições aos seguidores de Cristo eram intensas e seguir, acreditar, viver em amor (forma pela qual os cristãos davam nas vistas no meio da comunidade), era uma ameaça constante para quem o fizesse. No meio da hesitação Cristo diz: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Pedro, apóstolo, juntou as várias palavras de Cristo e depois percebeu que Cristo era um caminho de mistério e de descoberta faseada e que não faz nada por acaso. Ele sabe o que vai dentro do nosso ser, para onde vamos e o que queremos. Cristo sabia que Pedro ainda não estava preparado: que o ia repudiar, no momento da Paixão, mas sabia e compreendia que o homem tem o seu caminho de descoberta e Pedro não fugia à regra. Pedro é caracterizado pelos entendidos como o discípulo mais parecido com o "homem médio" que tudo o que sente exterioriza e não deixa nada por dizer. Quando o Mestre lhe pergunta:"Pedro, tu amas-me?" Jesus sabia dos seus limites e que Pedro o amava como seu Mestre, seu amparo, como seu Pai. Pedro responde: Senhor, tu sabes tudo, sabes que te amo!". Mas à terceira vez, embora a tradução não seja esta, na verdade e de acordo com uma correcta tradução, Pedro responde:"Senhor, tu sabes tudo, sabes que te quero bem". Esta resposta evidencia que Pedro percebe que Cristo sabe o que lhe vai dentro da alma e por isso lhe pergunta o que realmente sente por Ele. A resposta é a mais esclarecedora, Pedro destaca que por Cristo dá tudo, segue-o para onde for, mas ainda não chegou a uma fase de encontro com a fé sublime. Pois bem, Pedro vai chegar a esse momento no dia da Paixão. Pedro teve o seu momento de descoberta. É verdade que se descobriu na fé bem perto de Cristo, como seu seguidor. Mas nós também podemos encontrar Cristo nos dias de hoje, bem perto de nós, sem barreiras.

Num mundo em que os homens se auto-limitam, criando pressupostos de existência, Cristo mantém-se genuíno e fiel à sua promessa.

Um cântico antigo diz:"Senhor, Vós tendes sido o meu refúgio através das gerações".

Pois bem, este refúgio, como algo que nos protege e que serve de amparo e protecção para as amarguras da vida e para o repouso das alegrias é Cristo, Ontem, Hoje e Amanhã.


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